1 Bimestre

Situação de Aprendizagem 1
O preconceito em relação à Filosofia
Antes de fazer a pergunta, Mafalda vai buscar um banco e um copo de água já a contar que a resposta seja longa e demorada. Um preconceito em relação à resposta à usual pergunta "O que é a filosofia?", pergunta esta que nunca conseguiu arranjar uma resposta concensual, universalmente válida e completa. O que a Mafalda faz nos seus episódios é questionar-se acerca das coisas, aparentemente banais, esperar uma resposta completa e que a satisfaça. Ora, é também isto que os filósofos fazem, esperam encontrar respostas que os satisfaçam, para as perguntas que formulam acerca do que os rodeia, por mais insignificante que pareça. A filosofia surge, assim, como um distanciamento da realidade.

 

SA 2 

Filosofia como atividade reflexiva e sua importância  para o exercício da cidadania

 

ANTONIO GRAMSCI
 
"A tendência democrática de escola não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar governante"
 
 
 
 
 
            Trazendo a questão da cidadania,não podemos deixar de citar as contribuições do filósofo italiano Antonio Gramsci, pois foi um cidadão que tinha um olhar voltado para a classe trabalhadora a ponto de incomodar as autoridades daquele tempo. Ele alegava que o papel da escola, principalmente tratando-se da escola das classes mais desfavorecidas não era apenas preparar o aluno para que ele se torne um operário no futuro, mas sim formar cidadãos “Intelectuais Orgânicos”, ou seja, cidadãos governantes, e engajados nas lutas das classes sociais a que pertencem, e assim pessoas que ao ter uma consciência crítica, possam organizar a classe social a qual pertence e com isso tornarem-se pessoas ímpares perante a sociedade.
             É interessante, que nós do grupo Unidos para Incluir além de conhecermos um pouco da vida de Gramsci através do conhecimento adquirido através da aula do prof. Osvaldo de Geografia podemos dizer que mesmo ao saber que esse intelectual viveu no início do séc. XX, a visão de mundo que ele tinha era uma visão tão magnífica que sua mensagem, ainda é atual mesmo no séc. XIX. Pois infelizmente ainda hoje a educação não é um direito de todos se formos pensar pelo lado realista, as escolas que atendem aos alunos das classes mais desfavorecidas têm como objetivo prepará-los para o mercado de trabalho, enquanto os ricos ao freqüentarem os melhores colégios têm acesso a uma educação diferenciada e melhor do que a educação que provém da escola dos pobres.
            Gramsci nasceu em uma família numerosa e de origem muito pobre no ano de 1891, adquiriu uma doença quando ainda criança antes dos dois anos, que o deixou corcunda o resto de sua vida, sempre soube encarar seus desafios e se tornar um exemplo até hoje e também um vencedor.
            Gramsci era um ser tão excepcional e à frente do seu tempo que no dia em que foi preso pelo regime fascista até mesmo o próprio juiz o condenou com a seguinte frase “Temos que impedir esse cérebro de funcionar durante 20 anos”. E mesmo na prisão, o Co fundador do partido comunista italiano não deixou de escrever os seus textos, reunindo todos em Cadernos e Cartas do Cárcere.
            Para ele, a escola era uma instituição de tão grande importância da vida das pessoas que seria o instrumento mais importante para a transformação do meio com o todo. Ele acreditava que era necessário educar trabalhadores para que esses seres intelectuais pudessem defender os interesses da classe trabalhadora a que surgiram. Gramsci inspirava-se nas ideologias do filósofo alemão Karl Marx.
            Vale ressaltar que o conceito de práxis algumas vezes é muito mal compreendido pelas pessoas, pois fazem uma ligação de práxis com a prática. Gramsci ao viver em sua época foi o pensador que desenvolveu o conceito de práxis com base nas teorias de Karl Marx e Aristóteles. Gramsci dizia que a práxis nada mais era do que uma história, ou seja, um processo que se dá com a interferência do gênero humano nas condições ambientais, para consecução dos seus propósitos e necessidades. Seria a teoria ligada à prática.
            Gramsci também dizia que entre toda relação de hegemonia é necessária uma relação pedagógica, ou seja, a pedagogia podia ser comparada a um aprendizado. Ela tem o poder de unir a força representada pelas autoridades com a cultura que provém do povo que é chamada de consenso.
            A hegemonia por envolver o poder autoritário e o consenso comum, provém através de lutas, ou seja, de direções constantes primeiro do campo da ética, depois no da política, por isso a escola assume uma grande importância na vida do cidadão por que é necessário primeiro conquistar as mentes para depois caminhar rumo ao poder e cabe a ela formar cidadãos prontos para essa batalha.
 
            Gramsci morreu aos 46 anos em uma clínica de Roma no ano de 1937 após cumpri 10 anos de prisão. Sua obra, em sua maior parte escrita na prisão teve grande influência no Brasil nos anos 1970 e 1980. 
                                  
Discussão de conceitos  em Gramsci:
 
Cidadania: A conquista da cidadania deve ser um objetivo da escola, ou seja, cabe a escola a função de dar acesso à cultura das classes dominantes, para que todos possam ser cidadãos plenos.
Hegemonia: Relação de domínio de uma classe social, sobre o conjunto da sociedade.
Intelectuais Orgânicos: Cidadãos governantes e engajados nas lutas das classes sociais a que pertence. Pessoas que organizam e tomam frente da classe, geralmente a menos favorecida e defendem os interesses do povo. Todos os homens são intelectuais, porém nem todos desempenham na sociedade a função de intelectual. O intelectual orgânico é aquele que consegue se destacar. Exemplo mais comum, um pastor.
Senso Comum: Diz respeito, sobretudo à cultura: trata-se de uma liderança ideológica conquistada entre a maioria da sociedade e formada por um conjunto de valores morais e regras de comportamento.
 

SA3

A condição animal como ponto inicial no processo de compreemsão sobre o homem

 
O ser humano entre dois mundos
 
            Comecemos nossa busca comparando o corpo humano ao de outros animais. Veremos que nosso corpo não é tão capacitado quanto o deles para enfrentar uma série de dificuldades. Como ilustra o arqueólogo australiano Gordon Childe (1892-1957), o homem não tem, por exemplo, um corpo peludo como o do urso, para manter o calor corporal num ambiente frio. O corpo humano também não é excepcionalmente bem adaptado, como o de alguns animais, à fuga, à defesa, própria ou à caça. Não tem a capacidade de correr como uma lebre ou um avestruz. No entanto conclui Gordon Childe:
            O ser humano pode ajustar-se a um número maior de ambientes do que qualquer outra criatura construir ferramentas que modificam sua posição no mundo em que vive (armas, trens, automóveis, casas, roupas). Mas essas ferramentas não são parte do corpo do homem, eles não ser herdados no sentido biológico. O conhecimento necessário para sua produção e uso é parte de nosso legado social.
            Assim, diferentemente dos outros animais os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. Os homens são também seres culturais que modificam o estado de natureza, isto é a condição natural das coisas, definida pela natureza.
 
 
 
 

Pascal e Descartes: o que dizem os dois filósofos

 
                                                                                       
                                   
 
            Os dois autores trazem a ideia de que nossa natureza contempla a existência de um corpo com o qual sofremos e nos relacionamos com os demais seres da natureza.
            A grande diferença está no fato de que Pascal acrescenta, em sua argumentação, a ideia de que, juntamente com a consciência de nosso corpo, deparamo-nos com a consciência de que nada somos no conjunto da natureza.
            Os desafios associados ao fato de termos um corpo são prazerosos e dolorosos também. Ter um corpo exige alimentá-lo, e a fome é processo doloroso, e vivemos uma sensação de prazer quando saciamos a fome. Da mesma forma, várias outras necessidades de nosso corpo implicam dor e prazer. A saúde é uma exigência para bem-estar de nosso corpo. A satisfação sexual e o desejo de reprodução podem ser citados como desafios impostos pelo nosso corpo também. Movidos por este desafio de satisfação de nossa sexualidade, procuramos parceiros nos quais confiar e compartilhar amorosamente.
            O fato de termos um corpo nos traz ainda o desafio de compartilhar espaços, o que vem se tornando cada vez mais complexo, sobretudo nos grandes centros urbanos.
 
 

SA 4

A linguagem e a língua como características que identificam a espécie humana

 

 
Linguagem, o berço da comunicação
 
         Ninguém nasce falando, a aprendizagem é um processo e, inicia-se no ventre materno, quando ainda em desenvolvimento já começa a ouvir. Nasce ouvindo, tudo ainda de uma forma obscura. A criança nasce e encontra tudo pronto, e o significado das palavras e das coisas, basta aprender com ajuda dos adultos.
O meio social é de uma grande influencia para o desenvolvimento da linguagem, principalmente nesses primeiros anos da infância, experiências e interações com os pais, os membros da família e outros adultos. A criança ao dispor da colaboração de adultos e de crianças mais experientes, num espaço de interação e de interlocução, pode participar das atividades partilhadas, apresentarem comportamentos e habilidades que não seria capaz de manifestar sozinha, sem o auxílio do outro.
A própria mãe, mesmo sabendo das limitações de seu filho para entender a sua linguagem, a mesma continua falando, apresentando um mundo de coisas e novidades, dando nomes e significados, como se houvessem participação ativa do filho bebê. Ou melhor, participa sim! Mas, através de gestos como o choro, por exemplo, a mãe responde imediatamente porque sabe interpretá-la. A criança ainda não interpreta, não entende mas, porem é de grande relevância, esta comunicação mesmo não sendo recíproca, pois é ai que vem o desenvolvimento de seus pensamentos e de sua linguagem de acordo com a sua cultura.
         A criança cresce de acordo com o que aprende através daquilo que está a sua volta. Se a criança é apenas colocada em um canto, onde o silencio faz companhia, total ausência de comunicação, cresce uma criança raquítica sem linguagem, sem expressão, sem alegria, sem estimulo pela vida, não vive, apenas passa por ela.
         Segundo Vigotsky a criança não nasce em um mundo "natural". Ela nasce em um mundo humano. Começa sua vida em meio a objetos e fenômenos criados pelas gerações que a precederam e vai se apropriando deles conforme se relaciona socialmente e participa das atividades e práticas culturais. Não podemos pensar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta.
A vida em sociedade, sem linguagem, o ser humano não é social, nem histórico, nem cultural. Ou seja, a criança é de acordo com a sua cultura. Exemplifico aqui; uma criança indígena, aos nossos olhos, que pertencemos a uma outra cultura, é uma criança pacata, sem instrução, sem educação. Mas, para sua cultura é esperta, inteligente, aprende tudo que ensina. Aprendeu de acordo com o seu mundo, sua cultura, seu povo. E com certeza aos olhos deles a civilização está lá. Pois a cultura é transformada de acordo com o seu trabalho. Portanto o homem independente da raça, cor e cultura, tende por se só fluir a transformação no meio em que vive através de algo produzido por ele. Tendo as características dele. O homem desenvolve-se a partir do avanço de sua cultura, um crescimento mútuo.
 
Para finalizar este texto Eu gostaria de citar aqui um exemplo, tendo em vista que a atividade pede opinião sobre o papel da linguagem e das interações pessoais.
Em Moçambique, tive a oportunidade de conhecer um povo com uma cultura muito diferente da nossa. A região onde eu estava, são 67 dialetos, portanto  no inicio foi difícil comunicarmos, mas conseguimos. A comunicação foi o fator fundamental para interagirmos e envolvermos com o povo. Mas o que mais me chamou atenção foi a forma deles viverem; quando os portugueses foram expulso de Moçambique  um pais que eles colonizaram, ajudaram a construir, se foram levando consigo apenas 30 kilos. Deixaram tudo lá. Suas casas luxuosas, cristais, porcelanas e etc. Os Moçambicanos por direito receberam tudo, e foram morar nestas mansões, não conseguiram adaptar-se com este novo estilo de vida, outrora, moravam em malocas, barracos de palhas, agora em palácios, tornaram-se pessoas tristes e angustiadas. Na sua cultura eles aprenderam que um determinado buraco era o lugar de fazer churrasco. Então eles transformaram a banheira em churrasqueira, usavam o bidê para lavar as mãos e rosto, com isto as mansões iam sendo destruídas. Mas, eles não estavam felizes. Eles reuniram-se, comunicaram-se e devolveram as casas ao governo. E voltaram a viverem em seus barracos abraçando assim a sua verdadeira cultura, sua língua, seu povo, seus costumes. E com certeza estão felizes!!! Conquistaram a sua independência, através da comunicação.
A ausência da linguagem que é a característica da comunicação gera separação, divisão, e solidão. A comunicação trás a força da união e unificação.
         Vale ressaltar aqui a importância deste estudo, aprendemos que as grandes influencias psicológicas do social para o individual, gera mudança de comportamento. O homem houve e absorve colocando as em prática o que aprendeu através da comunicação, pois, a comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento, que é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coisas novas (“o que é isso?”) Assim a criança vai crescendo aprendendo a comunicar-se e enriquecimento cada vez mais o seu vocabulário, alem de outras conquistas.