Observando tantos idosos caminhando pelas ruas, nos é permitido fazer a seguinte reflexão: o envelhecimento se constitui como um grande paradoxo humano, já que ninguém quer ficar velho, nem ficar dependendo dos outros para tomar decisões e desempenhar atividades cotidianas, ou, até mesmo morrer. Entretanto, se não morremos, envelhecemos. Como, então, acrescentar vida aos anos alongados e abundantes?

Os atuais panoramas populacionais sugerem uma óbvia constatação: o mundo está ficado grisalho! Há 100 anos atrás, o percentual de pessoas com 60 anos ou mais na Alemanha, por exemplo, era de 5%; hoje é de 26%, com previsões para 37% em 2030. A rota do envelhecimento também cruzou a população brasileira. O país de jovens até os anos 70 tem-se transformado em um país envelhecido. Ocupamos o 6º lugar no ranking de países que possuem a maior população de idosos do mundo.

O envelhecer é um estado natural do ser humano, mas como administramos o nosso tempo na nossa trajetória de vida nos torna mais cedo ou um pouco mais tarde velhos.Já existem velhos de 30 anos como existem jovens de 70 anos! Ser velho com 30 ou jovem com 70 é escolha de vida. E, tudo bem se alguém questionar que o de 70 também é velho, principalmente fisicamente, mas a vital diferença é que este é um velho pleno. Aprendeu, assim como uma criança, a não brigar com o tempo, e sim a vivê-lo.

A sociedade tem começado a se engajar em ações multidimensionais que culminarão em novos conceitos sobre o envelhecimento e suas perspectivas. Conceituar velhice, idoso e o processo de envelhecimento torna-se imprescindível para compreender e planejar intervenções adequadas para esse fenômeno mundial.

Uma vez que a população mundial está envelhecendo e os índices de incapacidade funcional nesse contingente etário têm aumentado substancialmente, torna-se necessário estimular a construção de um ideário positivo sobre o processo de envelhecimento humano, de caráter saudável e participativo, seja através de políticas ou de ações direcionadas nos diversos níveis de atenção à saúde. Nesse contexto, políticas, ações e programas vêm a contribuir com a população idosa ao disponibilizar espaços terapêuticos, lúdicos e socializadores, conjecturando uma rota positiva para o envelhecimento autônomo e independente.

Dessa forma, o envelhecimento deve ser visto como uma conquista. E, cabe a nós, profissionais de saúde, reinventarmos o conceito de velhice para a nossa sociedade, estimulando o dinâmico processo de aprender a aprender o real significado de cada uma das etapas mais ricas do ciclo da vida, principalmente o complexo caminho para “o envelhecer”.

Mesmo com tantas atitudes e decisões a serem executadas para a construção de uma sociedade justa e igualitária, capaz de receber cerca de 32 milhões de idosos nos próximos 12 anos, é possível visualizar mudanças positivas na rota do envelhecimento mundial: nunca se discutiu tanto sobre a difícil arte de envelhecer como nos dias atuais. Por isso, comemoremos: